“Não se colhe rosas onde se semeou Urtigas.”
Um verdadeiro maremoto de lembranças ruins tomam-me a mente desolando-me a alma e entristecendo-me o coração. Uma tsunami de dor tomou conta de mim.
As lagrimas corriam sobre o seu rosto velho e frágil e aos soluços ela dizia;
-Ele disse-me aos gritos que é homem e que devo respeitá-lo e que da próxima vez que eu ousasse falar aquela palavra novamente, ele irá me dar um tapa na boca.
Quando ouvi essas palavras daquela senhora frágil e chorona senti toda força da deusa Durga crescer dentro de mim, senti a tempestade chegar, fiquei com os pés gelados e com uma gana enorme naquele “filho da p…”.
Foi difícil ouvir aquele relato, uma coisa desagradável a qualquer ouvido, mas quando você também foi vítima disso é muito pior.
Eu quis muito mandar ele tomar no c…
Só pra ver se eu tomaria um tapa na boca. Um velho manco, obeso e totalmente parvo. Ah, como eu desejei que ele levasse uma boa surra de um homem de verdade.
Um macho covarde, um idiota, um verme ou nem isso, pra ele ser um verme deveria nascer outra vez, aquilo é o oco do oco do mundo, coisa que nem o diabo quer, ele não tem alma, ninguém o quer.
Poças, a ira tomou conta da minha mente e isso trouxe um bocado de demónios na carroceria, as nuvens escureceram, o meu céu ficou cinzento e os trovões soaram alto dentro do meu peito. Homem?
Um sujeito destes é no máximo um veste calças qualquer, mas homem? Não, isso ele não é, e esta longe de ser.
O que é ser homem? Qual o papel dele na sociedade “organizada.”? Será que o papel do homem é agredir a mulher? Isso é ser homem?
Para mim, não! As nuvens escurecem, mas a chuva não cai, sequei, a ira me estremece tal qual os raios e relâmpagos, mas as lagrimas não caem.
Sinto a escuridão, lembro do tempo que passei por aquilo, lembro-me das noites sozinhas na cama vazia onde a solidão e o medo tomaram o espaço onde deveria estar o Homem que jurou me proteger.
Os clarões rasgam-me a alma como se o sol fosse voltar a brilhar, mas na verdade são só mais trovões me estremecendo a alma renovando o meu compromisso de continuar sendo eternamente minha.
A chuva não cai e a sequidão do chão da minha alma prevalece seca feito agreste nordestino, o frio chega e o vazio que trago no peito acaba por transparecer nessas linhas mal traçadas, aquilo que me matou ainda me atormenta, é um embaraço, uma sensação de inutilidade que me aborrece muito, mas não o suficiente para roubar a minha paz.
Hoje mantenho-me longe de tudo aquilo que pode ferir ou sujar o templo do Divino que me habita.
Essas coisas alimentam a minha teoria de que devemos morrer para alcançar qualquer céu ou paraíso.
Isso renova a minha convicção de que o amor não está preso num papel A4 e nem no tempo de matrimonio, solidifica a minha afirmação de que fazer 50 anos de casados nem sempre é algo para se festejar.
Infelizmente é verdade, tem muito machista que gosta de vagina, mas que não gosta de mulher por aí se gabando de tal fato.
Esses covardes gritam, humilham e agridem fisicamente as suas esposas, saem ou clicam num chat e daí se ajoelham perante qualquer vagina melada por outro.
Não! Hoje não escrevo para agradar, escrevo para desabafar, senti o sofrimento de uma mulher honrada, mãe e avó e lembrei-me do tempo que eu também chorei pra alguém.
Portanto, isso é um desabafo meu.
Um despejar, uma limpeza interior, um grito por ajuda, eu já fui vítima disso, hoje trabalho e escrevo sobre as relações e infelizmente vejo que a energia que alimenta essa violência está a ganhar mais força a cada dia.
Existe uma multidão dando força para isso inconscientemente.
É preciso saber qual é a energia que alimenta a sua relação. Por exemplo;
-Usar pessoas como se fossem mercadorias,
-Começar uma relação íntima por interesse ou com traição
-Fingir ser outra pessoa para conquistar
Essas são algumas atitudes cometidas por pessoas que alimentam os agressores.
Outro comportamento que alimenta este tipo de agressor é a certeza de que a vítima se envergonhará de ser vítima.
É fácil para um vampiro energético manipular a mente de uma vítima de agressão.
Ela perde parte da sua capacidade racional devido aos traumas psicológicos, este é dos pontos que mais fortalece os agressores.
E, geralmente as vítimas são;
-Meninas “rebeldes” que não gostam das regras da família, da religião e dos pais. Elas fazem de tudo pra sair de casa (como eu fiz) e sempre acham que podem vencer tudo, são ingénuas, patéticas e sonhadoras, presa fácil para qualquer demónio rasteiro.
-Meninas pobres que facilmente agradeceram por qualquer situação melhor do que a miséria que ela já vive.
-Meninas românticas e sonhadoras e que acreditem em príncipe encantado, são facilmente ludibriadas no início o agressor facilmente será o homem dos sonhos, pena que não dura muito, logo chegará os gritos e as ameaças de surras.
Mediante estes perfis, penso que fica fácil perceber onde está armazenada a criptonita que pode matar os vampiros machistas, pois, não?
A negação de que somos nós que alimentamos esses seres covardes, só ajuda os machistas. É, isso mesmo, enquanto a sociedade estiver tapando o sol com a peneira e as mulheres acharem que precisam parecer com homens para serem valorizadas, nós teremos lares celebrando 50 anos de violências.
É preciso dar um basta, é preciso que as vozes femininas tenham liberdade pra sair, é extremamente necessário lembrarmos que homem que gosta de mulher, gosta que ela seja feminina e, que isso nunca nos diminuiu.
A fragilidade feminina e a sensualidade de uma mulher ganham e deita qualquer homem que sabe amar uma mulher.
Ok…
Por, ora é melhor deixar a tempestade passar, fazer o sol brilhar e tentar renascer mais uma vez. Gratidão,
A Curandeira d’Almas;
Dan Dronacharya.
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