O senhor Sol tem se distanciado e, ao que tudo indica, o deus Outono vai arrasar este ano. Os campos se anteciparam e já estão mais úmidos; o desfolhar já começou para as árvores mais avançadas ou ansiosas. As nuvens mais escuras não se dissipam tão rapidamente como há alguns dias. As manhãs orvalhadas de outubro já se tornaram rotina neste início de setembro.
O aroma deslumbrante e inebriante que exala dos pinheiros e dos eucaliptos já entorpece os nossos sentidos e, devagarinho, vai nos dando um novo sentido. Ao fecharmos os olhos e nos conectarmos com a nossa essência, percebemos a vida. A vida é Deus na sua forma mais humana possível, não é mesmo?
A vida está em mim e em ti, nas plantas e nos animais; ela é omnipotente, omnipresente e omnisciente. Quando a luz que habita em ti e em mim se apagar, nosso corpo morrerá. O medo da finitude pode ser um fator que nos leva a buscar a ilusória eternidade de um céu ou de qualquer lugar onde o meu “eu” possa permanecer exatamente como eu desejo.
Entretanto, ninguém é capaz de definir, explicar e muito menos afirmar que tem intimidade com Deus (ou com a Vida). Jactância, irreverência ou inépcia podem definir aqueles que tentam definir o indefinível, que se acham íntimos do supremo e, portanto, superiores aos outros.
A honestidade—seja ela intelectual, emocional ou social—não é nata em nós. Não nasce no campo como o mato e não é vendida no mercado; portanto, tal valor não pode ser comprado, doado ou emprestado. Toda e qualquer virtude humana deve ser trabalhada. Já é sabido que nossa visão de mundo sempre dependerá da nossa cultura, entretanto, não é plausível afirmar que somos honestos desde que nascemos.
É fácil e tentador imaginar um Deus separado, severo e distante, pois assim ficamos livres para ser imperfeitos, já que a perfeição é de Deus. Eu posso falhar porque quem nunca falha é Deus. Eu posso trair, mentir, roubar, enganar, cobiçar, etc.
Se eu for capaz de perceber a energia que me alimenta e me move nessa direção, também saberei que estou no caminho para a honestidade intelectual. Serei capaz de me afastar, me libertar, amar e me permitir.
Por ora, deixemos a luz brilhar, mesmo que não consigamos perceber nenhuma fresta.
Gratidão,
Dan Dronacharya.
Quando eu não puder falar, escreverei…