“Ingenuidade ou pretensão? Na grande fazenda, o governo não apenas governa—ele ensina seu povo a ser cada vez mais burro.”
Seria a ingenuidade característica intrínseca do tolo, ou só dos tolos desavisados?
Era uma vez um lugar onde os bichos raciocinavam e até conseguia falar sobre Moral.
Pois, é …
A noite cai sobre a grande Fazenda, e um velho carvalho se ergue à distância, imponente e solitário. Dentro de sua casa no alto do tronco retorcido, dona Coruja solta um piado estridente, carregado de deboche, ecoando pelo campo. Logo em seguida, gargalha com um riso agudo e prolongado, semelhante ao de uma bruxa, reverberando na escuridão. Seus olhos brilham com astúcia, refletindo a luz da lua, enquanto as folhas do carvalho balançam suavemente ao som do vento noturno. Na Fazenda dos Ignorantes, os bichos se entreolham, inquietos, perguntando-se o que tanto diverte a feiticeira. Dizem que eles ficaram agitados quando ouviram o piado alto com ares de deboche seguido de gargalhadas que a dona coruja deu de dentro da sua casa no carvalho velho longe da fazenda dos ignorantes.
A dona Cocoricó, coitada! Quando ouviu a gargalhada da amiga saiu em disparada estrada a fora batendo asa tal qual uma galinha choca ou louca, até chegar na casa da dona Coruja.
Ela subiu escada acima, parou na porta e toda esbaforida perguntou para a sábia Coruja o que é que a fazia rir tanto. Já fazia tempo que ninguém gargalhava assim.
Olá dona Cocoricó, então a senhora não leu as notícias no portal dos Ignorantes do Bem? Uiiii! Menina, continuou ela, toda rubra de tanto rir. Entre gargalhadas e palavras ela disse:
Achei que já tinha esgotado minha cota de risadas com os comunistas de iPhone, mas me enganei.
Não aguento essa pobreza de espírito. Gargalhei alto com a prosa do grupo da fazenda, onde estou por conta da intervenção de uma matriarca.
Ora amiga… Tu sabes, tenho o sangue deles, mas reneguei a ignorância, por isso eles me rejeitam. Olhe ao nosso redor…
Vês alguma coruja além de mim por aqui?
Cocoricó balançou a cabeça, sinalizando a negativa.
Não, né? Pois bem, tudo começou quando vi e resolvi entrar na conversa do grupo dos bem ignorantes, ops! De um dos ignorantes do bem.
Um dos ignorantes postou;
“Viva, enfim uma boa noticia, o Bola de Terra será julgado pelo tribunal de tortura da fazenda.”
A notícia caiu como fogo no paiol, todos os ignorantes curtiram a postagem, só a dona Xepa que gosta de negativar tudo, que saiu alertando os ignorantes sobre um possível falso alerta. Ela postou:
– “Duvido que eles consigam prender o ladrão de joias, não adianta ficar feliz, não existe justiça para essa gente.”
Depois disso a dona Xepa postou a palavra do senhor de todos os bichos como faz diariamente e não falou mais nada.
O “cabaré” pegou fogo mesmo quando eu resolvi copiar e colar um POST que recebi de um outro pessoal mais desenvolvido de fora da fazenda.
O meu POST fazia menção a quadrilha que governa a grande fazenda e não aos dos ignorantes do bem. Postei porque achei interessante, porque não aceito essa visão enviesada imposta de uma forma ardilosamente carinhosa, ou aceita ou serás ninguém. Portanto achei engraçada a resposta.”
Mas?! Ofendeste alguém dos implacáveis ignorantes do Bem?
Perguntou a dona Cocoricó, dona Coruja respondeu rápido:
Claro que não! Eu não ofendi a ninguém, veja lá… Eu repostei uma publicação que falava sobre os assaltantes, sequestradores e ladrões de banco da outra revolução e que hoje são os governantes da grande fazenda. Isto é um fato meu bem, certo? E, diante de fatos não há argumentos né, querida?.”
– HUMM, disse a dona Cocorico:
Não sei, não! Pra quem não há argumentos?
Ah, dona Coruja, a senhora não fez isso inocentemente, fez? Tu sabes bem que sensatez não é uma opção para eles. Eles cagam no tabuleiro, e se dizem vitoriosos, lembras?
A dona Coruja ficou em silêncio, andava de um lado para o outro mordiscando a haste dos seus grandes óculos, ela parecia digerir cada palavra dita por sua única companheira naquele lugar.
A dona Cocorico continuou a cacarejar;
Oh, minha amiga, nós sabemos que carregas uma dor entre essas penas já acinzentadas pelo tempo, não acho que tenhas feito sem saber e có- có- ri-có, có- có- ri-có, có- có- ri-có.
Até que a Coruja interrompeu o seu cacarejo com piado:
Sim, amiga! Eu sei tudo de mim e alguma coisa deles, nasci e cresci ali, eu posso parecer uma anomalia, mas eu sou um deles. Confesso que eles me surpreenderam.
Eu não achei que eles já tinham chegado nos ataques com os de dentro do clã.
Até um dia destes eles eram unidos e se defendiam. Agora atacam os de dentro? Os íntimos?
A tola sou eu! Esqueço-me que não sou um deles, esqueço que sangue pouco importa.
Dona Cocoricó interrompeu a amiga, afagou as longas penas da amiga, acalentou-a em suas pequenas asas e entre piados e piadas, tentava acalmar a velha companheira e disse:
Eles são carrascos e estúpidos ao ponto de ofenderem os seus sem saber nem o que nem o porque. Incoerentemente, falam de amor, mas geram o odio por quem nunca os ofendeu sem razões para isso.
A pergunta continua;
Seria a ingenuidade característica intrínseca do tolo, ou só dos tolos desavisados? Eu nunca vi isso nem nos piores infernos que visitei e olhei que já visitei muitos
Olhe! Veja aí no grupo, quem é que veio responder ao meu post e diga-me se tem como não rir da ignorância do bem, tem?
A Cocorico começou a rir do impropério e disse:
– Meu ovo santo, quanta tolice.
A dona Coruja continuou;
– Sim, veja bem, querida! O “Galin Zé” e o seu irmãozinho “Piriquita de Pinto” se ofenderam com meu post, acreditas?
O “Piriquita de Pinto” e seu mano mais velho Galin começaram os ataques falando de coisas que eles não sabem e afirmam verdades infundadas e incutida na mente deles.
Tolamente me ofenderam afirmando que minha fonte de estudos é o cantor que fez o post que eu partilhei, segundo ele, um artista falido, que posou pelado, usou drogas e tocava rock nacional.
Até dá pena da criança tentando me atacar, tentando fazer ironias e incitando o “amor odioso” dos companheirinhos riquinhos mal-informados e mal-educados a atacar-me também.
Agora veja bem;
“O cantor falido em questão era ídolo do pai dele
O artista usou drogas? Bem, se álcool e erva for droga
O Galin também já usou.
O cantor falido ainda tem nome, o Galin até onde sei, ninguém sabe quem é.
O cantor posou pelado? Sim! Foi um sucesso, ou ainda é, né?O Galin viu e gostou.
Ah, eu adoro isto!
A revista é da minha época, “brow”, não da tua. E quer saber? Eu também gostei da revista, bebê (risos).
Relaxa, Galin! Eu entendo a tua situação, agora tens que conformar com essas aberrações de saia de hoje em dia, né? Ah, dona Cocorico, me ajuda né querida, amarrota-me, então, porque eu fico passada com essas baboseiras.
Pensa, mulher! Ainda a que minha fonte fosse o tal cantor, qual a imoralidade em posar nu para gays e usar drogas?
Veja bem onde chegamos querida e diga-me por onde anda o bom-senso deste povo?!
Um pivete que vivia na esbornia até um dia desses, dá o furisco, bebe e faz mais sei lá o que, um sujeito que não sabe nem se é homem ou mulher, que já participou de tudo que é putaria, que é totalmente bancado pelo Papai, que só estudou pra cuidar da saúde dos bichos, um merdinha que não sabe da vida, vir querer ter lugar de fala quando o assunto é MORAL.
Só rindo mesmo, né colega? … Fala sério!
Calma amiga, falou dona Cocoricó
Tá bem! Vamos rir enquanto se pode, porque comer, respeitar os outros e amar de verdade não são opções para os Ignorantes do bem.
Aqui todos são iguais, mas tem alguns são mais iguais do que os outros.
Pois bem;
O Bola de Terra se safou. A Coruja silenciou diante do espetáculo de amor com gosto de ódio no tribunal da Fazenda e não participou mais das conversas.
Já os irmãos Galin e Piriquita de Pinto? Continuam dentro do armário, trancados a sete chaves, talvez estejam discutindo se aquele cantor pelado estava bem iluminado na foto ou se deveria ter feito um bronze antes do ensaio.
E, enquanto isso, do outro lado da Fazenda
A quadrilha que governa a grande Fazenda segue perseguindo mães que escreveram contra o regime e libertando estupradores, assassinos e ladrões, parece-me que o povo continua escolhendo Barrabás.
Os governantes da Fazenda continuam alimentando a sua nação de ignorantes com chicória e ovo.
E o povo? Come e espalha a receita dando razão a máxima que diz que “o povo tem o governo que merece.”
Ninguém mais falou no assunto…
NOTA: Este artigo foi inspirado no livro “A fazenda dos Bichos” do talentoso George Orwell. Portanto qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Com gratidão,
Dan Dronacharya.


